20080508


QUASE UM TAJ MAHAL!
Charneca em Flor

Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas…
Sob as urzes queimadas nascem rosas…
Nos meus olhos as lágrimas apago…

Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!

E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E, já não sou, Amor, Soror Saudade…

Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!

(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»)

3 comentários:

morenocris disse...

Belo...dá para colocar aqui uma poesia da Florbela Espanca!

Beijos.

morenocris disse...

Perfeito!

Beijinhos.

morenocris disse...

Tudo aqui tem cheiro-verde de destruição! Lágrimas molhadas e pernas abertas!
Bulinação ausente na casa-vermelha da mente! É tudo só coração! Mas pulsa...ainda! Eu me caibo? Estou colocando as mãos!

Beijos.
Boa Semana!