Na cabeça uma maquiagem verde esperançosa sobre os olhos, ludibriava aos que nela quisessem se quer olhar. Seus cabelos foram preparados pelas mãos de sua mãe lhe protegendo e cuidando de sua dignidade. Assim, ela não seria real. Seu quinto chacra era protegido por uma gargantilha suspensa, que lhe dara o poder da sublime leveza, filtrando quem ousasse olhar sua profundidade, ou sua verdade. A mesma gargantilha carregava uma amazonita que lhe protegia e curava dos excessos de fumo e bebidas, ao mesmo tempo em que travava seu decote. Suas vestes negras foram escolhidas para elegantemente não chamar a atenção. Ombros a mostra cuidadosamente protegidos com um echarpe a que lhe serviria mais tarde como abrigo. Na cintura, ela se travou com um cinto que lhe preservava a castidade e a silhueta. Como velas de um navio, ou vestes de samurai eram sua saias presas abaixo dos joelhos que impediam que seu perfume natural evaporasse no espaço, sobrando apenas o odor das primeiras flores de campo da estação. Um pequeno véu lhe acompanhou, era a sua liberdade cívil. A mostra seu talar sobre saltos esmeraldas lhe permitiam valorizar o conjunto do ritmo e harmonia que seu templo lhe concedia.
Sua pretensão era que todos que ela convidou fossem fazer parte da festa em prestígio ao seu grande amor. Entretanto foi minada pouco a pouco pelos seus amigos que a julgaram em extremo ou a colocaram em último plano. O único que a acompanhou foi o melhor amigo do primeiro marido, que estando em estado enclausurado pelo rompimento de relações com o velho amigo, a morte do pai e o rompimento de relações afetivas junto a novas opções que vida lhe veio a oferecer, precisou de um impulso independente, um alguém que já houvesse superado suas estações e que pudesse lhe apresentar um nova perspectiva, por apenas um momento se quer.
Assim sem palavras ela foi prestigiar seu amor. Com todos os valores preservados, a única qualidade que lhe sobrara foi a liberdade. E ousou, sem excessos, a divertir-se.
Apesar da timidez, ela entrou no mundo que ele apresentou a ela. No reduto da poesia, ao fundo de cortinas de veludo amarelo ele se apresentou. Seu amigos estavam ali, alguns inesperadamente a reconheceram, outros ela reconheceu e cumprimentou com saudade, outros foi apresentada e os recebeu com um apreço de divida. Como uma onda cinematográfica, relatos de um amigo especialista, ele arrasou os ouvidos de todos que ali vieram. Foi o último a chegar e o último a sair. Não sei descrever o que ele sentiu. Pois ela não foi capaz de lhe olhar nos olhos. O amor foi a ela corajoso, lhe chamou pelo nome e a beijou no rosto. Ela ficou desconcertada. Mas ficou ali na varanda para o ver passar, como rei que era. Magnífico, o seu amor.
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