a cada frase há um lapso.
não sei lidar com branco de prova.
fico passada, e tenho que atravessar um caminho para dizer o que preciso expressar.
sinto, nos momentos do agora, o efeito contra-lateral de minha doença.
Analise de Freud
Fixa a seguir Freud os seguintes pontos de sua análise:
a) houve perturbação do novo tema pelo anterior;
b) o esquecimento não foi casual: teve uma motivação, a saber, o bloqueio de associações que levassem ao tema "morte e sexualidade";
c) pretendia ele esquecer algo, pois, e por isso reprimira certos pensamentos; tudo se passou, porém, como se aquilo que queria esquecer (o suicídio de seu cliente) tivesse provocado o esquecimento do que não queria esquecer (Signoreili) por estar este nome associado ao tema proibido; os nomes substitutivos revelam que sua intenção de olvidar o tema "morte e sexualidade" não conseguiu nem realização plena, nem frustração completa, tendo havido um resultado de compromisso, uma espécie de compensação recíproca;
d) o nome olvidado (nome A, Signoreili) acabou por ficar dividido em dois pedaços: "-elli", presente em B1, Botticelli e "signor-", que surgiu, inaparente e resguardado por ter sido traduzido, nos dois nomes substitutos, sob a forma "Bo". A propósito, diz literalmente Freud: "A substituição do pedaço "signor-" se operou como por um deslocamento ao longo da associação com os nomes Herzegovina e Bósnia, sem levar em conta nem o sentido nem a limitação acústica das sílabas. Assim, pois, os nomes foram manejados nesse processo de modo análogo ao do manejo de imagens gráficas representativas de pedaços de uma frase com a qual se deve formar um hieróglifo". Acrescenta "que a coincidência "signor-"/" bo" nada deixa transparecer do processo que a criou; analogamente, não se percebe, além da repetição de sílabas (Bósnia, Botticelli) outro tipo de relações entre o tema no qual aparece o nome Signorelli e o tema que o precedeu (morte e sexualidade/Trafói) e que foi reprimido";
e) aventa serem as seguintes as condições do esquecimento de nomes acompanhado de lembrança errônea: — certa predisposição para o esquecimento daquele nome; — um processo repressivo ocorrido pouco antes do esquecimento; — a possibilidade de uma associação externa entre o nome que se esquece e o elemento anteriormente reprimido.
A respeito desta última condição, o relevante não seria acentuar sua mera existência, que é uma constante, na maioria dos casos, mas, de preferência, investigar se a associação externa é condição suficiente para que o elemento reprimido perturbe a recordação do nome, ou se, pelo contrário, não será para tanto necessário que haja uma conexão de conteúdo entre os respectivos temas. A esse respeito afirma o autor que um aprofundamento da análise revela que na maioria dos casos tal conexão de conteúdo fica manifesta.